
Arte/Beatriz Milhazes
Outro presente. Dessa vez do poeta, cantor e músico, Paulo Beto Meireles. Beijo grande meu amigo.
Poeme-se!
Dizia a colina pintada diante
dos olhos
dos dedos
da falta.
Da fala pungente e precária
que nos deu no próximo
o fruto primeiro.
Poeme-se!
Sugando o roteiro invisível
perante o suspiro e o novo.
Foi o silêncio da imagem
que me trouxe
o que calo.
Pois é assim que lhe ouço.
Pois é assim que dou vida
a este poema
abortando-a.
Abortando seu significado enquanto
desejo e mistério.
Removendo seu inacabado consolo.
Aposto nos montes barrocos
nos barros de matéria-prima humana.
Nos corpos com massas leigas, ascéticas
Poematizadas por estarem
para todo sempre.
Entre!
Pois há na vida a culpa
Adrianisticamente plena
por retrcer-se diante do novo.
É assim que lhe conheço
sem ter que.
Tendo, por isso, um prazer sem endereço
regado a amizade infalível do silêncio.
Guardo-me em palavras e saio pelos fundos
não há mais o que se dizer
o sentido é surdo.
Poeme-se!