26 de out. de 2011


arte/Beatriz Milhazes

Faz tempo não entro aqui. Faz tempo não escrevo. Ando me procurando por aí. Esta é uma tentativa de me encontrar novamente. Enquanto metade, me vejo inteira em poemas- presentes, de grandes amigos e maravilhosos poetas.

ALMA POETA

Pedro Lage
poema publicado no seu último livro, "Dicionário de Estrelas",
pela editora Ibis Libris, e lançado na Laura Alvim, em 10/10/2011

Um poema de última hora.
Um poeta sempre é preciso.
Mesmo vago-simpático, solto
no escarcéu deste mundo-improviso,
ou rugindo por dentro e por fora
das tramas-trevas do dia.
São últimas todas as horas- e o poeta,
em seu apuro, se encarrega do pior:
ordenar este samba no escuro.

Passam rebentos de núpcias sagradas,
passam hip-hops do brejo:
Os olhos se abrem ao cortejo.
Uma adaga voadora vem recortando um piano
que ninguém vê, reino de teclas mais sensíveis
que teus olhos de atleta da luz.
Por um triz,
a lua é cheia e o melodrama não existe, nem o fado!
Mas,o dia ali demanda a cor deteus olhos tristes,
minha longilínea mana,
e tudo o que sou a teu lado é duplamente feliz!
Mesmo que a gente roa os bicos da lua,
que se despoja entre as sombras,
eos desejos então se desmontem,
um a um,
dos mais sórdidos aos mais puros,
até que apenas um verso ressoe
-um artefato no ar- que restaure de fato,
a luz de teus olhos no ato de amar.

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