11 de mai. de 2009

PAZ ENGAVETADA


Arte/Rausch Rausemberg


Há mais ou menos um mês, meu filhote Gabriel, me veio com a seguinte novidade: "Mãe, eu quero que vc participe do Concurso de Poesia que vai haver no colégio." A voz era enfática e o compromisso maior ainda. Tudo bem que eu seja poeta, já tenha lançado um livro e até ganho um Concurso de Poesia, aliás, o primeiro e até então o último em que havia decidido participar, mas o pedido de um filho sedutor como é o Gabriel, é quase uma ordem.

Resolví então dar essa alegria a ele e de alguma forma, contribuir para que os alunos leiam e escrevam mais poesias. O Concurso no Cel - Centro Educacional da Lagoa- era entre pais e alunos em categorias distintas,idades diferente e prêmios também diferentes mas, o tema referente a Paz seria o mesmo para todos. Bom, sentei e quebrei a cabeça porque nunca havia escrito nada cujo tema fosse encomendado.

No dia 6 deste mês, resolvi dar uma olhada no resultado do concurso, já pensando em explicar para o Gabriel, que concurso é igual a cabeça de juiz, nunca se sabe exatamente o que pode acontecer. Perguntei então à professsora dele sobre o resultado e ela educadamente, me pediu que falasse com a coordenadora do colégio. Fui falar com a Lucília que na mesma hora deu uma risada gostosa e disse: "Dá uma olhada no cartaz alí fora."

Aí Meu Deus, eu tô muito velha pra essas coisas, emoções fortes assim, podem me tirar o fôlego, pensei. Mas, fui checar. Quando ví meu nome em vermelho e os olhinhos de felicidade do meu filho, tudo fez sentido. Eu havia ganho o concurso, junto com outros alunos e pais de alunos. A premiação é amanhã e o DVD player que vou receber já tem dono certo. Por esse e outros motivos,dizer que não fiquei feliz ou que não acreditava totalmente que pudesse ganhar, seria uma hipocrisia da minha parte, mas nada se compara à felicidade que proporcionei ao meu filho. O Gabriel sim, merece esse prêmio e todos os outros que virão, muito mais do que eu.

PAZ ENGAVETADA

Dentro do meu armário, no fundo de uma gaveta,
existe um cofre, uma caixa sem trancas,
de onde onde saltam transparentes bolinhas de gude
e pedras redondinhas que eu catava à beira do rio.
Não eram raros os banhos de cachoeira e os tatuís na praia.
Pedaços de quartzo soltos na memória.
Meus retalhos de boneca, minha rede preferida,
luas cheias, janelas escancaradas ao léu,
e meus anjos travessos da turma da esquina.
Cacos e colares de conchinhas de areia que a vida dissolveu...
Hoje, entre janelas, riscam balas perdidas,
os portões têm mais grades,
as ruas estão mais tristes e escuras
e só a minha caixinha não tem trancas.
Nela brinco com as palavras e as memórias de criança,
que ainda solta pipa e acredita em gnomos, fadas e dragões,
mesmo que sejam castelos de areia,
no fundo de uma gaveta, dentro de uma armário sem trancas.

6 comentários:

jupyhollanda disse...

DriDri,

Vc e Gabriel merecem tudo. Tudo. Tudo!!!

O poema por sinal, é tão forte que me causou arrepio. Emoção forte. Forte demais.

E agora quem se sente presenteada, sou eu.

B_Juju

Phalador disse...

Lindo!!!!!

sorte do filho heim?...rss

Sucesso.

Cosmunicando disse...

que maravilha... poesia é sempre uma surpresa atrás da outra, não é?
parabéns pelo prêmio, e principalmente por ser essa pessoa sensível e mãe amorosa.
beijos

Luciana Dau disse...

Comovente, lindo!!!
Parabéns para vcs dois!
Bjs saudosos,
luliX

Adriana Monteiro de Barros disse...

Meus amigos,
como eu gostaria de agradecer a cada um pelas mensangens lindas que deixaram aqui mas, exatamente por ser Mãe em tempo integral é que não posso e não consigo ficar muito tempo no computador.

um beijo no coração de vcs!

Adrianna Coelho disse...


oi, Dri!!

ah, como demorei para vir aqui!!! que bom que vc ganhou - bom pra vc e melhor ainda pro anjinho do Gabriel... :)

vou ligar pra vc!

beijos